Por que estamos tão ansiosos?


Segundo um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre transtornos mentais, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. São mais de 18 milhões de brasileiros convivendo com a ansiedade, sendo a maioria mulheres. Aqui estamos falando do chamado transtorno de ansiedade generalizada, considerado o tipo mais comum de ansiedade.

“O problema começa quando a resposta ansiosa é desnecessária ou desproporcional, em duração ou intensidade, ao contexto ou evento que está adiante”, disse o médico neurologista Leandro Teles, especialista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) a revista Você S.A de 2019.

Ansiedade vira doença, portanto, quando o sujeito vive em estado de alerta permanente, como se algo ruim, importante ou perigoso estivesse prestes a acontecer o tempo todo. No trabalho e na vida, o ansioso tem a sensação de estar sempre devendo alguma coisa, correndo para chegar a algum lugar, para cumprir um prazo ou para bater uma meta.

Essas expectativas (também chamadas de “resposta de luta ou fuga”) acionam comandos cerebrais e a liberação de hormônios cortisol e adrenalina. Juntos, eles promovem uma porção de reações físicas (respiração ofegante, coração acelerado, tensão muscular), psíquicas (medo, irritação, vontade de chorar, enjoo) e cognitivas (dificuldade de raciocínio e concentração). Essa descarga não prejudica apenas o equilíbrio emocional, mas também desregula os hormônios, a imunidade e o metabolismo. Vale ressaltar que a ansiedade é considerada fator de risco para depressão e burnout.

As demandas do mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), a velocidade e o volume de informações as quais estamos expostos, a hiper conexão e o mito da felicidade certamente colaboram para elevar os níveis de ansiedade. Podemos incluir nesse conjunto de fatores, os conflitos impostos pelo trabalho: relacionamentos difíceis, pressão por resultados, intolerância ao erro, cargas horárias excessivas, metas inalcançáveis e pouca autonomia.

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